O
COELHINHO BRANCO
Era
uma vez um coelhinho branco que saiu de sua casa
para ir à horta
buscar couves para fazer o seu caldinho.
Quando
o Coelhinho Branco voltou para casa, deu com a porta fechada. Muito
admirado, bateu à porta.
-
Quem é? - perguntou, de dentro, uma voz de meter medo.
-
Sou eu, o Coelhinho Branco que foi à horta buscar couves para fazer
um caldinho.
-
E eu sou a cabra cabrez que te salta em cima e te faz em três.
O
coelhinho muito triste abalou dali e pelo caminho encontrou um boi.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o boi.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo boi. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão grande, ajuda-me!
-
Ui, embora grande, não vou lá que tenho medo. Sou boi, mas não sou
nenhum herói!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. Muito
assustado e sem saber o que fazer, lembrou-se de ir pedir ajuda a um
amigo, maior e mais forte.
E um pouco mais à frente encontrou um cavalo.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o cavalo.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo cavalo. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão rápido, ajuda-me!
-
Ui, embora rápido, não vou lá que tenho medo. Sou cavalo, mas não
quero levar um estalo!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um urso.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o urso.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo urso. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão corajoso, ajuda-me!
-
Ui, embora corajoso, não vou lá que tenho medo.
Sou urso, mas quero
acabar o meu curso!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um camelo.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o camelo
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo camelo. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão resistente, ajuda-me!
-
Ui, embora resistente, não vou lá que tenho medo. Sou camelo, mas
não quero ficar sem pelo!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um elefante!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o
elefante.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo elefante. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que dás boa sorte, ajuda-me!
-
Ui, embora dê boa sorte, não vou lá que tenho medo. Sou elefante,
mas não quero encontrar esse arrogante!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um leão!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o leão.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo leão. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és o rei, ajuda-me!
-
Ui, embora seja o rei, não vou lá que tenho medo. Sou leão, mas no
boxe não fui campeão!
Que
triste ficou o Coelhinho Branco. Nem os seus amigos mais fortes,
valentes e corajosos o podiam ajudar.
Continuou
o seu caminho, com uma lágrima a deslizar pelo canto do olho. Foi
então, que apareceu a Amiga Baleia. Que grande sorriso! Ela sim, não lhe ia dizer que não.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou a baleia.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amiga baleia. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que forte e boa, ajuda-me!
-
Ui, embora forte e boa, não vou lá que tenho medo. Sou baleia, e não quero ser sereia!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um polvo!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o povo.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo polvo. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão musculoso, ajuda-me!
-
Ui, embora musculoso, não vou lá que tenho medo. Sou polvo, mas
quero ver se desenvolvo!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um cão!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o cão.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo cão. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão resmungão, ajuda-me!
-
Ui, embora seja resmungão, não vou lá que tenho medo. Sou cão,
mas não quero levar um beliscão!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou uma gata!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou a gata.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amiga gata. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és tão perspicaz, ajuda-me!
-
Ui, embora seja perspicaz, não vou lá que tenho medo. Sou gata, mas
não quero ficar sem uma pata!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um galo!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o galo.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo galo. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és madrugador, ajuda-me!
-
Ui, embora madrugador, não vou lá que tenho medo. Sou galo, mas não
quero sofrer um abalo!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou uma ovelha!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou a ovelha.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amiga ovelha. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és obediente, ajuda-me!
-
Ui, embora obediente, não vou lá que tenho medo. Sou ovelha, e não quero ficar com a cara vermelha!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou um sapo!
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou o sapo.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amigo sapo. Eu tinha ido à horta buscar
couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és saltitante, ajuda-me!
-
Ui, embora saltitante, não vou lá que tenho medo. Sou sapo, e não
quero ficar num farrapo!
O
coelhinho ainda mais triste abalou dali. E um pouco mais à frente
encontrou uma tartaruga.
-
Por que vais assim a correr, Coelhinho Branco? - perguntou a
tartaruga.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amiga tartaruga. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. Por favor, tu que és dura, ajuda-me!
-
Ui, embora seja dura, não vou lá que tenho medo. Sou tartaruga, e
vou já pôr-me em fuga!
O
Coelhinho Branco já quase desesperado, pois os seus maiores amigos não
o podiam ajudar, sentou-se a chorar!
-
Que se passa Coelhinho Branco, porque choras? - perguntou uma pequena
formiga que por ali passava.
Respondeu-lhe
o Coelhinho Branco:
-
Estou numa grande aflição, amiga formiga. Eu tinha ido à horta
buscar couves para fazer o meu caldinho e, quando voltei para casa,
encontrei lá a cabraz cabrez que disse que me salta em cima e me faz
em três. E ninguém lá quer ir porque têm medo.
- Mas vou eu e veremos como isso há-de ser. - disse a formiga toda decidida
O Coelhinho Branco ficou surpreendido. mas aceitou a ajuda da Formiga. Foram
os dois e bateram à porta. Respondeu-lhes, lá de dentro, a cabra
cabrez, numa voz de meter medo:
-
Aqui ninguém entra. Está cá a cabra cabrez que vos salta em cima e
vos faz em três.
-
E aqui vai a Formiga Rabiga que te salta em cima e te fura a barriga. - retorquiu a formiga.
Dito
isto, a formiga entrou pelo buraco da fechadura e pôs-se a picar a
cabra cabrez. Tanta, tanta picada ela levou que teve que fugir cá
para fora. Então, todos os seus amigos, vendo, aquele pequeno ser, a
derrotar a cabra cabrez, ganharam coragem e correram atrás dela, às
marradas, às dentadas, às bicadas, ... Até o coelhinho lhe deu um
pontapé.
E
assim, para festejar ter recuperado a sua casa e ter dado uma lição
à cabra cabrez e aos seus amigos que não o ajudaram, o Coelhinho
Branco fez finalmente o seu caldinho e convidou toda a bicharada para
jantar.
Vitória,
vitória, a cabra cabrez já se foi embora.
1º ano SC1 - CESC